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Tendências do Covid-19: êxodo urbano

Atualizado: 30 de mai. de 2023


Êxodo rural é um fenómeno que bem conhecemos. Ao longo dos tempos, milhões de pessoas deslocaram-se para as cidades em busca de emprego e melhores condições de vida. Portugal é um bom exemplo.


A verdade é que a situação inédita que estamos a viver, com grande probabilidade, irá impulsionar o fenómeno contrário: êxodo urbano.


Creio poder afirmar que este fenómeno tem surgido, sobretudo, pelo impulso do millennials, que, publicamente, assumem um nova visão sobre o equilíbrio pessoal e profissional.


Fui um desse casos. Em 2018, decidi deixar Lisboa para trás, após cerca de 10 anos naquela cidade. Nenhuma razão em especial me fez tomar a decisão, antes um conjunto delas, baseado na convicção de que era possível trabalhar remotamente, como ambicionar, simultaneamente, melhores condições de vida de modo geral.


De facto, esse fenómeno tem ocorrido em várias partes do mundo. Por exemplo, nos EUA, em 2019, começou a observar-se movimento expressivo de abandono das grandes cidades pelos jovens que procuravam melhores condições de vida. E falar em melhores condições de vida, do ponto de vista da nossa geração, significa, essencialmente, isto: menos stress, menos despesas; mais natureza, mais tranquilidade.


Para quem deixa uma cidade onde a acessibilidade a vários níveis é inquestionável, acaba por surgir alguma frustração. Todavia, é compensada por outras vantagens.


O surgimento da covid19 fez-me pensar sobre isto. Concluí que os tempos atuais tornaram privilegiados aqueles que, atualmente, residem em zonas rurais. Não têm sentido os efeitos da pandemia de modo tão intenso quanto aqueles que residem nas grandes cidades.


Assumindo nós que a covid19 trará alterações permanentes, como será o caso do teletrabalho, será também natural que o fenómeno de êxodo urbano se torne mais intenso; não só pelos millennials, mas todos aqueles que procurem mais tranquilidade e, simultaneamente, uma relação diferente com a natureza. No fundo, desfrutar de melhor qualidade de vida.


No dias difíceis - e eles surgem a quem se aventure a deixar o quotidiano citadino para desfrutar de uma vida mais pacata -, valem máximas como uma protagonizada pelo falecido Robin Williams, no filme "Dead Poets Society": "Seize the day".


Vivemos num mundo em que os níveis de ansiedade são intenso, mais do que deveriam. Bem nos dizia Dalai Lama, ansiamos tanto pelo futuro que acabamos por não viver o presente. Daí que "Seize the day" se torne relevante quando a alteração das circunstâncias nos obriguem a passar por momentos saudosos do frenesim citadino.


Talvez as circunstâncias atuais venham a refletir-se, do ponto de vista humano, na compreensão de que é o presente que realmente interessa. Talvez, do ponto de vista da organização territorial, se inverta a tendência das últimas décadas através da revitalização das zonas "esquecidas" do país e do mundo.

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