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Trabalho Remoto, Espiões Digitais e Proteção Pessoal. Uma medida simples, uma medida necessária.

Atualizado: 14 de mai. de 2021


Até há algumas semanas atrás, falar de um novo paradigma laboral, designadamente, a expansão do trabalho remoto, seria como falar em voos comerciais. Sabemos que vão acontecer, não conseguimos é perspetivar um horizonte de realização.


Ainda que tenhamos consciência do crescimento gradual deste regime de trabalho, seria uma fantasia imaginar que, num futuro próximo, veríamos empresas a desenvolver a sua atividade de modo totalmente remoto.


E creio poder afirmá-lo com alguma propriedade. Ao longo dos últimos dois anos tenho desenvolvido a minha atividade profissional essencialmente - ainda que não de modo exclusivo - pela via do trabalho remoto. Teoricamente vai de encontro aos desenvolvimentos que o século XXI nos trouxe; na prática real, permanece alguma rigidez que não deve ser desconsiderada.


Trabalhar de modo remoto pode tornar-se num exercício de extrema dificuldade. Aliás, caso o trabalhador não descubra modos de reequilibrar as longas horas de solidão, pode enveredar por caminhos perigosos no campo da sanidade mental.


O facto é que o futuro chegou mais cedo, a realidade impôs-se, de um dia para outro, sem nos pedir opinião e demonstrando que, afinal, a generalização do trabalho remoto não é algo tão esotérico como se pensava até ao surgimento do coronavírus.


Com efeito, demos um salto lógico. Não tivemos hipótese de discussão prévia, nem a oportunidade de desenvolver ações de formação preparatória. Enfim, as circunstâncias, por vezes, ultrapassam-nos. Importa é agir.


A conjuntura atual irá produzir um efeito paradoxal: (i) gerar a discussão de um novo paradigma laboral, que se prolongará após os momentos difíceis que vivemos, e ainda bem; (ii) impedir essa discussão no presente. O foco imediato será direcionado para produtividade e resultados, não para as pessoas ou condições de desempenho das suas atividades neste contexto. E tudo isso vai gerar complicações.


Por outro lado, gera-se a "tempestade perfeita" para aqueles cuja atividade principal é precisamente a exploração da fragilidade alheia: cibercriminosos.


Do ponto de vista da proteção pessoal – deixando de lado os perigos a nível laboral, por ora – há uma realidade que era importante não desconsiderar por julgamentos pré-concebidos que fazemos – erradamente – sobre a sua fantasia ou até na perspetiva de alguma paranoia.


Isto é, àqueles que se tornarem trabalhadores remotos da noite para o dia, ainda que temporariamente, sugeria a seguinte cautela:


Isolem as câmeras dos vossos computadores sempre que delas não necessitarem ou, em alternativa, e no caso dos portáteis, fechem-nos após concluir a utilização.


A facilidade de um cibercriminoso aceder à câmera que temos instalada no computador, é mais fácil do que aquilo que pensamos. Vários especialistas já se pronunciaram sobre isso, não obstante ser ainda uma fantasia no pensamento de muitos ou existir um total desconhecimento de outros.


Edward Snowden, personalidade bem conhecida do mundo contemporâneo, não somente o afirmou, como revelou algo mais impressionante: é possível fazê-lo ainda que o computador esteja desligado!


Agora, vamos imaginar um trabalhador que, inadvertidamente, deixa o seu portátil aberto em cima de uma mesa no quarto. Por azar, a câmera fica precisamente direcionada para a cama. E basta dizer isto.


Mas isso não releva sem ser no quarto? Claro que sim. A diferença reside no facto de muitos destes trabalhadores passarem a estar sob um escrutínio anónimo, indetetável, antiético e que, rapidamente, redireciona o foco do objetivo fundamental - a recolha de informação comercial relevante - para a vida privada e íntima do próprio trabalhador.


Mantenham-se protegidos, ainda que as medidas possam parecer radicais ou até absurdas para alguns. A probabilidade de sermos vítimas aleatórias destas práticas criminosas, nos tempos que correm, não são tão aleatórias como pensamos. Tempos excecionais, exigem medidas excecionais. E esta é fácil de tomar.


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